Drupa 2024 e a Revolução “FISITAL” na Indústria Gráfica
![]() |
drupa.com |
A Drupa de 2024 destacou-se pela convergência entre o físico e o digital, também conhecida como "FISITAL". O termo descreve a fusão entre os mundos físico e digital, criando experiências interativas que combinam a tangibilidade dos produtos físicos com a conectividade e a inteligência dos processos digitais. Na indústria gráfica essa convergência está transformando a maneira como produtos são projetados, produzidos e distribuídos, possibilitando maior personalização, eficiência e integração de processos. Este conceito, alinhado com a Indústria 4.0 e a transformação digital, é caracterizado pela interconectividade, automação e autonomação avançada. Nesta rota, suas tecnologias habilitadoras desempenham um papel crucial na transformação FISITAL. A Internet Industrial das Coisas (IoT), por exemplo, permite monitorar e ajustar processos produtivos em tempo real, integrando informações de máquinas de impressão digital e offset para otimizar a produção. A Inteligência Artificial (IA) pode prever demandas de produção e ajustar automaticamente os parâmetros de impressão, proporcionando uma personalização em massa eficiente e precisa. A análise de Big Data permite entender melhor as preferências dos clientes, ajustando as estratégias de impressão para atender às demandas específicas de cada público. A Computação em Nuvem facilita o acesso e compartilhamento de arquivos de impressão e dados de produção em tempo real, melhorando a colaboração e a eficiência dos processos. A robótica avançada pode realizar tarefas de acabamento com alta precisão e velocidade, integrando-se com sistemas digitais para um fluxo de trabalho contínuo. A Manufatura Aditiva, ou impressão 3D, permite a produção de protótipos e componentes personalizados, integrando-se aos processos de impressão tradicionais para criar produtos híbridos inovadores.
Esta tendência traz à luz a convergência “FISITAL” no desenvolvimento de equipamentos de impressão híbridos que combinam diferentes tecnologias para maximizar os benefícios de cada uma. Desta forma, era notório na feira a preocupação da maioria dos fornecedores de equipamentos gráficos, que anteriormente tinham soluções apenas analógicas, em firmar parcerias com outros fornecedores de equipamentos digitais, para que a solução híbrida apresentasse em forma de conversão de produto gráfico as vantagens que cada processo tem. Um exemplo é a flexografia com impressão digital, que combina a flexibilidade e a alta velocidade da flexografia com a capacidade de personalização da impressão digital.
Para ilustrar um exemplo concreto do conceito FISITAL no Hall 10, a Bobst apresentou o equipamento denominado "Leading Innovation," um sistema híbrido flexo/digital. As principais características deste equipamento incluem uma arquitetura modular e atualizável, permitindo aos usuários que personalizem a máquina conforme suas necessidades e adicionem novos módulos ao longo do tempo. As máquinas estavam produzindo a velocidades de até 100 metros por minuto, combinando os dois processos de impressão. Além disso, o equipamento inclui funcionalidades de enobrecimento como verniz, efeitos táteis, aplicação de hologramas, laminação UV e impressão de segurança, além de sistemas de meio corte em linha e dois tipos de sistema de secagem: LED e ar quente.
![]() |
Impressora digital com sistema de acabamento meio corte em linha e equipamento híbrido de impressão flexográfica e digital |
![]() |
Impressora Gallus |
Outro exemplo é a integração de offset com impressão digital, que une a qualidade e o custo-benefício da impressão offset com a adaptabilidade da impressão digital, sendo usada por exemplo na produção de materiais promocionais onde a impressão offset é utilizada para tiragens grandes e a impressão digital para personalização específica.
![]() |
Impressora digital com integração com sistema de workflow de offset |
Além disso, a combinação dos processos de pós-impressão analógicos com recursos digitais foi também explorada. Exemplos incluem sistemas de corte linear totalmente automatizados, sistemas de dobras e fechamento de cartuchos com sistemas robotizados na saída. Com a velocidade de produção proporcionada pelo FISITAL, a pós-impressão pode deixar de ser o gargalo da produção, permitindo um fluxo de trabalho muito mais eficiente e integrado.
Portanto, há de se ressaltar que a integração de processos é fundamental para a eficiência e a competitividade na indústria gráfica FISITAL. Neste contexto, não se pode esquecer a importância do ERP (Enterprise Resource Planning) eficaz para realizar a integração horizontal, que conecta diferentes máquinas de impressão para sincronizar a produção, evitar redundâncias e melhorar a coordenação do PCP e a integração vertical, que automatiza desde o design na nuvem até o acabamento robótico, criando um fluxo de trabalho contínuo e eficiente.
Neste sentido, para aproveitar plenamente as oportunidades oferecidas pela convergência FISITAL, é essencial ter pessoas capacitadas e, principalmente, com uma visão holística dos processos produtivos. Em síntese, esses profissionais devem estar capacitados em tecnologias digitais, como software de design, gestão de dados e automação, além de dominar técnicas de impressão tradicionais como offset e flexografia. A competência em configurar e operar sistemas integrados de produção também é fundamental. É evidente a transformação da indústria gráfica por meio da convergência FISITAL, impulsionada pelas tecnologias da Indústria 4.0. A adoção de processos de impressão híbridos e a integração de etapas de produção são essenciais para atender às demandas do mercado contemporâneo, exigindo uma força de trabalho altamente qualificada e adaptável. A Drupa 2024 foi uma vitrine interessante para os profissionais e empresas que buscam liderar com a inovação na indústria gráfica.
Por Enéias Nunes da Silva, Elcio de Sousa e Andrea Ponce
Comentários
Postar um comentário